Voluntária Clarisse Aun no posto do Poupatempo de Santo Amaro. |
"Era uma senhora humilde, simpática, que vinha sempre pedindo para escrever para o filho preso. Um dia, ela me pediu para noticiar ao rapaz que o irmão dele havia morrido de diabetes", lembra a voluntária. "Ela se manteve firme, e eu comecei a chorar”. Segundo ela, essa foi uma das cartinhas mais tristes que escreveu nos dez anos de trabalho no posto de Santo Amaro – praticamente a mesma idade do programa, que completa sua primeira década em outubro.
Outro campeão de carta são os programas de televisão. "Eles pedem para arrumar a casa, arranjar emprego, e eu digo: agora põe (a carta) na caixa e reza para ser sorteado. Porque são montanhas de cartas que a TV recebe", argumenta dona Clarisse.
Hoje em dia ela coordena os trabalhos no posto da zona sul às quartas-feiras. Fica o expediente todo e não se cansa. Nem falta. A não ser que uma crise de labirintite a ataque. "Não sou eu que estou me doando, são as pessoas que estão me dando muito prazer".
Dona Clarisse é viúva há 33 anos, mãe de um casal e avó de um bebê de um ano. Foi voluntária por muitos anos na Apae e hoje em dia também dá uma mãozinha na Santa Casa de Santo Amaro, como vendedora de um bazar de artigos doados. Mora sozinha, cozinha, limpa e lava roupa. Só não passa as peças porque as costas já não a permitem.
Na terceira e última parte da reportagem, o leitor conhecerá a história de dona Nancy Rost Gazola, 73, voluntária do Escreve Cartas e do Voz Amiga.
Foto e vídeo: Luciana Quierati
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