quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Um amigo no Poupatempo – Parte 2

Voluntária Clarisse Aun no posto do Poupatempo de Santo Amaro.
Uma boa parte das correspondências feitas por meio do programa Escreve Cartas do Poupatempo de São Paulo tem como destinatários familiares presos. Foi atendendo a um pedido dessa lista que a secretária aposentada Clarisse Mendonça Aun, 85 anos, percebeu que sempre há alguém com um problema bem maior ao seu próprio.

"Era uma senhora humilde, simpática, que vinha sempre pedindo para escrever para o filho preso. Um dia, ela me pediu para noticiar ao rapaz que o irmão dele havia morrido de diabetes", lembra a voluntária. "Ela se manteve firme, e eu comecei a chorar”. Segundo ela, essa foi uma das cartinhas mais tristes que escreveu nos dez anos de trabalho no posto de Santo Amaro – praticamente a mesma idade do programa, que completa sua primeira década em outubro.

Outro campeão de carta são os programas de televisão. "Eles pedem para arrumar a casa, arranjar emprego, e eu digo: agora põe (a carta) na caixa e reza para ser sorteado. Porque são montanhas de cartas que a TV recebe", argumenta dona Clarisse.
Hoje em dia ela coordena os trabalhos no posto da zona sul às quartas-feiras. Fica o expediente todo e não se cansa. Nem falta. A não ser que uma crise de labirintite a ataque. "Não sou eu que estou me doando, são as pessoas que estão me dando muito prazer".

Dona Clarisse é viúva há 33 anos, mãe de um casal e avó de um bebê de um ano. Foi voluntária por muitos anos na Apae e hoje em dia também dá uma mãozinha na Santa Casa de Santo Amaro, como vendedora de um bazar de artigos doados. Mora sozinha, cozinha, limpa e lava roupa. Só não passa as peças porque as costas já não a permitem.

Na terceira e última parte da reportagem, o leitor conhecerá a história de dona Nancy Rost Gazola, 73, voluntária do Escreve Cartas e do Voz Amiga.



Foto e vídeo: Luciana Quierati

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