terça-feira, 30 de agosto de 2011

Missão: fazer a diferença no mundo

Silvia Vanda e a equipe na sede da empresa, e São Paulo.

Silvia Prado, 39 anos, é consultora de e-commerce. Vanda Ferreira, 49, é microbiologista. Mas nem uma profissão nem outra as motivam tanto quanto o objetivo de fazer a diferença no mundo.

Essa história de "fazer a diferença" da qual elas não se cansam de falar começou na época da faculdade de Silvia. Um texto de autor desconhecido que corre a internet, intitulado "A bronca mais dura que levei", foi apresentado em sala de aula por um professor. A partir daí, Silvia não teve mais dúvida: queria fazer parte dos 5% da sociedade que, segundo o texto, consegue fazer a diferença no mundo.

Um dia, no salão de cabelereiro, Silvia conheceu Vanda e a contagiou com sua vontade de criar um projeto que a levasse a alcançar o objetivo dos 5%. Vanda topou e elas se tornaram sócias no "Eu faço a diferença no mundo", proposta que começou com a venda de camisetas feitas a partir de garrafas pet.

Hoje elas conduzem uma confecção na Vila Alpina, zona leste de São Paulo. Recebem o fio produzido a partir da reciclagem de garrafas plásticas e o enviam para a tecelagem. Com a malha pronta em mãos, fazem o corte e encaminham as peças para um grupo de costureiras de uma comunidade carente. No retorno à fábrica, que emprega quatro pessoas, estampam, etiquetam e embalam.

Vendem as camisetas pela internet e em feiras pelo Brasil a fora. Querem bastante divulgação da ideia que tiveram e dos benefícios inerentes a ela. "Você não veste apenas uma camiseta, você veste um conceito. Está tirando duas garrafas do meio ambiente", justifica Vanda.

A partir da propagação desse trabalho, elas esperam conseguir parceiros para dar o start em dois outros trabalhos, a partir de agora, sem fins lucrativos. Um deles é um abrigo para moradores de rua e seus animais de estimação. "Os abrigos em São Paulo não aceitam os cães dos moradores de rua e muitos não vão para esses lugares para não abandonarem os animais", afirma Silvia. A outra proposta é criar um portal de educação à distância para pessoas que não podem pagar um curso de idiomas, design ou artesanato, isso só para citar alguns.

São projetos sociais no aguardo de material humano que encampe a ideia, considerada por elas um sonho possível. "Se você tem um sonho, tem que correr atrás, e o nosso é fazer a diferença no mundo", afirma Silvia.


"Eu faço a diferença no mundo"
Como colaborar com o projeto: comprando camisetas, divulgando a ideia e tornando-se parceiro voluntário na criação e funcionamento do abrigo e do portal de educação à distância. Este, por exemplo, vai precisar de professores que possam doar algumas horas de sua força de trabalho.
Mais informações em: Camiseta Feita de Pet

Telefone de contato: (11) 2084-2680




Foto e vídeo: Luciana Quierati

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Caros leitores e amigos!

Com uma primeira série, abordando o trabalho de voluntários no Poupatempo de São Paulo, declaro lançado o Terra das Boas Ideias! E antes de dar sequência às publicações, que serão bastante frequentes, quero dizer que estou muito feliz por apresentar esse projeto e aproveitar para agradecer:

- a pessoas queridas como o jornalista Luciano Martins Costa, meu amigo e conselheiro de anos, que me fez confiar na ideia e dar o pontapé inicial; o analista de sistemas Luciano Fernandes, meu amigo e autor do Blog de Escalada, que me acompanha de perto, detalhe a detalhe, desde o começo dessa jornada; a designer Natalia De Marco, esposa do Luciano, que me ajudou no manuseio das ferramentas que a partir de agora serão minhas companheiras de edição; e a jornalista e publicitária Sarah Cristina Pacheco Cardoso e sua equipe da agência Voga Propaganda e Assessoria, especialmente o Guto Noronha, que criaram a logomarca do Terra das Boas Ideias e arredondaram o layout;

- agradeço também a minha mãe Idalina e meu irmão Rogério, pelo apoio incondicional de sempre;

- e, por fim, aos grandes amigos de todas as horas, pelo incentivo, sugestões, críticas, dicas das mais diversas, paciência, compreensão e o enorme carinho que mal tenho como descrever.

Vocês todos foram muito importantes, porque contribuíram de forma grandiosa para acertar as arestas deste trabalho. O Terra das Boas Ideias não seria realidade sem vocês. Por isso, sintam-se donos dele também (e, sentindo-se como tais, me ajudem a divulgá-lo! rs).

O Terra das Boas Ideias está integrado às redes sociais:

- Facebook: na página Terra Boas Ideias

- Twitter: http://www.twitter.com/TerraBoasIdeias

Além do Youtube: Terra Boas Ideias

Também tem e-mail próprio, para um contato mais direto: terradasboasideias@gmail.com.

Espero que gostem da iniciativa, que vai falar das boas ideias do cidadão comum que ajuda a transformar o meio em que vive numa sociedade melhor. Confiram os três primeiros textos e vídeos logo abaixo. Foram produzidos com muita dedicação.

Beijo a todos
Luciana Quierati

Um amigo no Poupatempo – Parte 3

Voluntária Nacy Gazola e José Carlos, atendido pelo Voz Amiga.
A professora Nancy Rost Gazola, 73 anos, ensinou muita gente a ler e a escrever antes de se aposentar. Agora, ela escreve para quem não sabe colocar as palavras no papel, pelo Programa Escreve Cartas, e lê para quem não sabe ou não consegue tirar do papel as palavras, pelo Programa Voz Amiga.

Semanalmente, ela doa algumas horas de seu tempo para ler histórias de amor, de guerra, de terror para pessoas como o Luiz Carlos Pereira da Silva, 59, que é deficiente visual. Ele toma livros emprestados na biblioteca perto de onde mora, também na zona leste de São Paulo, e toda semana vai até o Poupatempo para que dona Nancy ou outra voluntária o leia para ele.

O tempo de leitura do Voz Amiga é de meia hora por dia agendado, mas dona Nancy sempre acaba se estendendo. "Durante a leitura, a pessoa se lembra de alguma passagem da vida dela, conta alguma novidade. O Luiz Carlos, por exemplo, está noivo e fala muito da noiva dele, a Kátia Maria. É bom ter esse contato", diz.

"Descubro autores que não conhecia, conheço palavras novas, exercito a leitura, faço amigos... E o melhor é que não me sinto com a idade que tenho. Me sinto mais jovem, talvez por me sentir realizada. Se ficasse só em casa, estaria parada no tempo", diz a voluntária.

Dona Nancy é viúva, tem dois filhos, dois netos e dois bisnetos. Mora na Vila Matilde, zona leste de São Paulo. Além de lecionar, foi também diretora de escola, por coincidência, na mesma instituição onde Luiz Carlos estudou quando era jovem.

Assim, finalizamos a série sobre o trabalho de voluntários em programas do Poupatempo de São Paulo. Espero que tenham gostado!

Sobre o Voz Amiga
 Os deficientes visuais são o público-alvo
 O atendimento é individualizado e realizado por meio de agendamento por telefone. Na data e hora marcada, o cidadão vai ao Poupatempo Itaquera levando o material para leitura, que é feita por um voluntário durante 30 minutos
 Já realizou 232 atendimentos
 Conta com 43 voluntários
 Foi um dos finalistas na categoria inovação em gestão pública na 7ª edição do Prêmio Mario Covas 2011, recebendo menção honrosa
Fonte: Poupatempo



Foto e vídeo: Luciana Quierati

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Um amigo no Poupatempo – Parte 2

Voluntária Clarisse Aun no posto do Poupatempo de Santo Amaro.
Uma boa parte das correspondências feitas por meio do programa Escreve Cartas do Poupatempo de São Paulo tem como destinatários familiares presos. Foi atendendo a um pedido dessa lista que a secretária aposentada Clarisse Mendonça Aun, 85 anos, percebeu que sempre há alguém com um problema bem maior ao seu próprio.

"Era uma senhora humilde, simpática, que vinha sempre pedindo para escrever para o filho preso. Um dia, ela me pediu para noticiar ao rapaz que o irmão dele havia morrido de diabetes", lembra a voluntária. "Ela se manteve firme, e eu comecei a chorar”. Segundo ela, essa foi uma das cartinhas mais tristes que escreveu nos dez anos de trabalho no posto de Santo Amaro – praticamente a mesma idade do programa, que completa sua primeira década em outubro.

Outro campeão de carta são os programas de televisão. "Eles pedem para arrumar a casa, arranjar emprego, e eu digo: agora põe (a carta) na caixa e reza para ser sorteado. Porque são montanhas de cartas que a TV recebe", argumenta dona Clarisse.
Hoje em dia ela coordena os trabalhos no posto da zona sul às quartas-feiras. Fica o expediente todo e não se cansa. Nem falta. A não ser que uma crise de labirintite a ataque. "Não sou eu que estou me doando, são as pessoas que estão me dando muito prazer".

Dona Clarisse é viúva há 33 anos, mãe de um casal e avó de um bebê de um ano. Foi voluntária por muitos anos na Apae e hoje em dia também dá uma mãozinha na Santa Casa de Santo Amaro, como vendedora de um bazar de artigos doados. Mora sozinha, cozinha, limpa e lava roupa. Só não passa as peças porque as costas já não a permitem.

Na terceira e última parte da reportagem, o leitor conhecerá a história de dona Nancy Rost Gazola, 73, voluntária do Escreve Cartas e do Voz Amiga.



Foto e vídeo: Luciana Quierati

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Um amigo no Poupatempo - Parte I

A voluntária Márcia Calixto, no posto de Itaquera.
Ela já escreveu carta para pai que não era o dela, marido preso que nada tinha a ver com seu companheiro, programa de televisão por um sonho que não era seu, mas garante que cada uma dessas correspondências valeu mais do que qualquer outra que expressasse seus próprios sentimentos.
Uma vez por semana, durante duas horas, a funcionária pública aposentada Márcia Sargueiro Calixto é voluntária do Programa Escreve Cartas do Poupatempo de Itaquera, zona leste de São Paulo. Isso já faz três anos, completados agora em agosto. Aposentou-se em um dia e em menos de uma semana estava dando plantão às quintas-feiras.

E por que ser voluntária? Porque foi egoísta, ela admite. Não queria se aposentar e ficar sem ter o que fazer. E, depois de 25 anos lidando com pessoas, no RH do Tribunal Regional Eleitoral da capital, o voluntariado tinha que ser mais uma vez no atendimento ao público, para não perder o costume.

Em seu dicionário, porém, o egoísmo se transformou em satisfação e foi parar lá na letra 'S'. Como não se sentir feliz por ajudar o senhor de idade a conquistar a amada por meio de uma carta de amor que ele não sabe escrever? Ou se emocionar ao ver mãe e filha se reconciliarem após um pedido de perdão grafado em uma folha de papel? Ou ainda, como não se sentir útil ao preencher um formulário para alguém que, por não saber ler e escrever, acaba pondo a desculpa no 'esquecimento dos óculos em casa'?

Momentos tristes e alegres fazem parte do plantão de Márcia, e quando ambos se manifestam por meio de lágrimas, vale o recurso do lencinho embaixo da mesa e o do copo d'água na copa para 'engolir' o aperto no coração. O que importa é voltar para casa com vontade de ver chegar logo a próxima quinta-feira, para poder mais uma vez se sentir menos egoísta.

Márcia tem 58 anos, mora na região de Aricanduva (zona leste). É casada e mãe de duas filhas, uma de 33 e outra de 27.

Na segunda parte da reportagem, o leitor conhecerá a história de dona Clarisse Mendonça Aun, 85, uma das pioneiras do Escreve Cartas.

Sobre o Escreve Cartas
 É um serviço gratuito ao usuário
 Está disponível nos postos do Poupatempo de Santo Amaro, Itaquera, Guarulhos, Osasco, São Bernardo do Campo
 Em outubro de 2011 completa 10 anos
 Já realizou mais de 259 mil atendimentos
 Conta com 238 voluntários
 Exemplos de serviços oferecidos: redação e leitura de cartas, preenchimento de formulários e elaboração de currículos
 Abre vagas para novos voluntários a cada seis meses
 Mais informações e contato: Disque Poupatempo - 0800 772 36 33; www.poupatempo.sp.gov.br e www.twitter.com/poupatemposp
Fonte: Poupatempo



Foto e vídeo: Luciana Quierati